CONTINUACAO
36. Quando já tinha aparecido em toda a sua luz o mistério que se celebra nesta festa, não faltaram doutores que, em vez de tratar das razões teológicas pelas quais se demonstrasse a absoluta conveniência de crença na assunção corpórea da Virgem santíssima, voltaram o pensamento para a fé da Igreja, mística esposa de Cristo, sem mancha nem ruga (cf. Ef 5,27), que o Apóstolo chama "coluna e sustentáculo da verdade" ( 1Tm 3,15). E apoiados nesta fé comum pensaram que seria temerária, para não dizer herética, a opinião contrária. S. Pedro Canísio, como outros muitos, depois de declarar que o termo assunção se referia à glorificação não só da alma mas também do corpo, e que a Igreja há muitos séculos venerava e celebrava solenemente este mistério mariano, observa: "Esta opinião é admitida há vários séculos e tão impressa na alma dos fiéis, é tão recomendada pela Igreja, que quem negasse a assunção ao céu do corpo de Maria santíssima nem sequer seria ouvido com paciência, mas seria vaiado como pertinaz, ou mesmo temerário, e imbuído mais de espírito herético do que católico".(28)
37. Pela mesma época, o Doutor Exímio estabelecia esta regra para a mariologia: "Os mistérios da graça que Deus operou na virgem Maria não se devem medir pelas leis ordinárias, senão pela onipotência divina, suposta a conveniência do fato e a não contradição ou repugnância com as Escrituras".(29) E apoiado na fé de toda a Igreja, podia concluir que o mistério da assunção devia crer-se com a mesma firmeza que o da imaculada conceição, e já então julgava que ambas as verdades podiam ser definidas.
Fundamento escriturístico
38. Todos esses argumentos e razões dos santos Padres e teólogos apóiam-se, em último fundamento, na Sagrada Escritura. Esta nos apresenta a Mãe de Deus extremamente unida ao seu Filho, e sempre participante da sua sorte. Pelo que parece quase que impossível contemplar aquela que concebeu, deu à luz, alimentou com o seu leite, a Cristo, e o teve nos braços e apertou contra o peito, estivesse agora, depois da vida terrestre, separada dele, se não quanto à alma, ao menos quanto ao corpo. O nosso Redentor é também filho de Maria; e como observador perfeitíssimo da lei divina não podia deixar de honrar a sua Mãe amantíssima logo depois do Eterno Pai. E podendo ele adorná-la com tamanha honra, preservando-a da corrupção do sepulcro, deve crer-se que realmente o fez.
39. E convém sobretudo ter em vista que, já a partir do século II, os santos Padres apresentam a virgem Maria como nova Eva, sujeita sim, mas intimamente unida ao novo Adão na luta contra o inimigo infernal. E essa luta, como já se indicava no Protoevangelho, acabaria com a vitória completa sobre o pecado e sobre a morte, que sempre se encontram unidas nos escritos do apóstolo das gentes (cf. Rm 5; 6; lCor 15,21-26; 54-57). Assim como a ressurreição gloriosa de Cristo constituiu parte essencial e último troféu desta vitória, assim também a vitória de Maria santíssima, comum com a do seu Filho, devia terminar pela glorificação do seu corpo virginal. Pois, como diz ainda o apóstolo, "quando… este corpo mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá o que está escrito: a morte foi absorvida na vitória" (1Cor 15,14).
40. Deste modo, a augustíssima Mãe de Deus, associada a Jesus Cristo de modo insondável desde toda a eternidade "com um único decreto" (30) de predestinação, imaculada na sua concepção, sempre virgem, na sua maternidade divina, generosa companheira do divino Redentor que obteve triunfo completo sobre o pecado e suas conseqüências, alcançou por fim, como suprema coroa dos seus privilégios, que fosse preservada da corrupção do sepulcro, e que, à semelhança do seu divino Filho, vencida a morte, fosse levada em corpo e alma ao céu, onde refulge como Rainha à direita do seu Filho, Rei imortal dos séculos (cf. 1Tm 1,17).
Oportunidade da definição
41. Considerando que a Igreja universal – que é assistida pelo Espírito de verdade, que a dirige infalivelmente para o conhecimento das verdades reveladas – no decurso dos séculos manifestou de tantas formas a sua fé; considerando que os bispos de todo o mundo quase unanimemente pedem que seja definida como dogma de fé divina e católica a verdade da assunção corpórea da santíssima Virgem ao céu; considerando que esta verdade se funda na Sagrada Escritura, está profundamente gravada na alma dos fiéis, e desde tempos antiquíssimos é comprovada pelo culto litúrgico, e concorda, inteiramente, com as outras verdades reveladas, e tem sido esplendidamente explicada e declarada pelos estudos, sabedoria e prudência dos teólogos – julgamos chegado o momento estabelecido pela providência de Deus, para proclamarmos solenemente este privilégio insigne da virgem Maria. (42). Nós, que colocamos o nosso pontificado sob o especial patrocínio da santíssima Virgem, à qual recorremos em tantas circunstâncias tristes, nós, que consagramos publicamente todo o gênero humano ao seu imaculado Coração, e que experimentamos muitas vezes o seu poderoso patrocínio, confiamos firmemente que esta solene proclamação e definição será de grande proveito para a humanidade inteira, porque reverte em glória da Santíssima Trindade, a qual a virgem Mãe de Deus está ligada com laços muito especiais. É de esperar também que todos os fiéis cresçam em amor para com a Mãe celeste, e que os corações de todos os que se gloriam do nome de cristãos se movam a desejar a união com o corpo místico de Jesus Cristo, e que aumentem no amor para com aquela que tem amor de Mãe para com os membros do mesmo augusto corpo. E também é lícito esperar que, ao meditarem nos exemplos gloriosos de Maria, mais e mais se persuadam todos do valor da vida humana, se for consagrada ao cumprimento integral da vontade do Pai celeste e a procurar o bem do próximo. Enquanto o materialismo e a corrupção de costumes que dele se origina ameaçam subverter a luz da virtude, e destruir vidas humanas, suscitando guerras, é de esperar ainda que este luminoso e incomparável exemplo, posto diante dos olhos de todos, mostre com plena luz qual o fim a que se destinam a nossa alma e o nosso corpo. E, finalmente, esperamos que a fé na assunção corpórea de Maria ao céu torne mais firme e operativa a fé na nossa própria ressurreição.
ESTE ARTIGO CONTINUA
Buscando músicas católicas encontrei este site. Estou maravilhada com o que encontrei. Palavras de conforto,de esperança,de fé.Rogo a Deus que outras pessoas possam encontrá-lo e que fiquem maravilhadas assim como eu.
Convido os demais leitores do Canto da Paz a visitar via internet o belíssimo mosteiro cisterciense dedicado à gloriosa Assunção de Nossa Senhora, em Itatinga, no interior de São Paulo, próximo ao seu centro geográfico: http://www.mosterioitatinga.org.br
Olá!!Gostaria de saber se existe e onde algum registro sobre a morte a assunção da Virgem Maria. Obrigado.
**** Roberto, A Assunção é um dogma, portanto, uma verdade acreditada desde os primeiros anos no início da Igreja e perpetuada ao longo dos séculos, pela Tradição. A Igreja nem se quer se pronuncia se a Virgem Maria morreu ou se foi elevada aos céus em vida. Este detalhe não é essencial para que creiamos. Um abraço. ****
Fé e razão são complementares; não são incompatíveis. Não devemos fechar nossa razão ( inteligência) à fé, nem fechar nossa fé à razão. Não é verdade ou real só aquilo que a inteligência humana explica ou o que, no caso, a ciência histórica registra. Os primeiros cristãos que conviveram com Santíssima Virgem Mãe de Deus foram testemunhas fidedignas da sua Assunção. Esse seu testemunho foi recebido e perpetuado pelos demais cristãos e pela tradição da Igreja. Ademais o Espírito Santo dado por Deus à sua Igreja nos assegura pelo magistério pontifício, exercido no dogma, a verdade da Assunção da Mãe de Deus! Bendita seja a gloriosa Assunção da Mãe de Deus, Maria Santíssima!
Peço vênia para acrescentar o que, provavelmente, muita gente desconhece: Quando se vai promulgar um dogma católico, a Santa Sé, no seu “modus operandi” expressa a todos os Bispos do Mundo o desejo de quase todo o orbe católico em tal particularidade. E a tais Bispos se pede que reze por determinado tempo e expresse o seu “parecer”. No que tange ao dogma da Assunção, quase a totalidade dos Bispos respondeu que sim; ou seja, que devia ser promulgado o dogma como revelação de Deus. Após o quê, o Santo Padre, unido com o colegiado de Cardeais, orantes, faz o pronunciamento oficial. —- Estarei certo em assim dizê-lo? Perdão, se me informaram erroneamente.
Not so bad 🙂
PAZ DE CRISTO.
ENTREI NO SITIO PARA VER UM CERTO ARTIGO QUE PROCUREI NO GOOGLE E JÁ FAZ MAIS DE MEIA HORA QUE PASSEIO POR VÁRIAS PÁGINAS E ADOREI A MANEIRA COMO SÃO COLOCADOS OS ARTIGOS, DE UMA MANEIRA SIMPLES E PRÁTICA DE ENTENDER.
DEIXAREI O SITIO NA MINHA LISTA DE FAVORITOS.
PARABENS A TODOS PELO BELO TRABALHO.
SHALOM.
BIA.
Gostei muito! Tudo que se refere a Nossa Senhora fico maravilhado. Cada vez mais,mais apaixonado.Amo muito Nossa Mãe Maria Santíssima!Continuem,por favor,a escrever sobre Maria.Por favor!…Pela graça de Nossa Senhora,Mãe de Nosso Senhor Jesus e Esposa mui-fidelíssima de Nosso Senhor Deus Pai,criador do céu e da terra e que por Ele todas as coisas foram geradas…
adorei o artigo me tirou dúvidas sobre a Assunção de Nossa Senhora,mas como é difícil para mim ainda assimilar tudo isto,é um mistério mesmo.