Papa Francisco será indicado ao Nobel da Paz por judeus argentinos
O papa Francisco recebeu nesta sexta-feira no Vaticano um grupo de nove familiares das vítimas do atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) de Buenos Aires, que pretende propor o nome do sumo pontífice para o Prêmio Nobel da Paz, anunciaram em entrevista coletiva.
Segundo o grupo, o papa argentino é um grande promotor do diálogo interreligioso.
Os visitantes disseram ter ficado muito emocionados com o encontro com Sua Santidade, que os recebeu com "muito afeto" em sua residência de Santa Marta. O encontro durou uma hora e meia.
"Judeus e católicos precisam de respeito", disse Sergio Burstein, que está no grupo. "Nossa tarefa em busca da justiça e da verdade se baseia em quatro pilares: respeito, diálogo, justiça baseada na verdade e paz", acrescentou.
Burstein contou que, quando o papa ouviu isso, disse a todos: "Vou lhes acompanhar nesse caminho".
Quando era cardeal em Buenos Aires, Jorge Bergoglio esteve presente em várias das cerimônias realizadas todo dia 19 de julho, dia do atentado cometido há 19 anos contra a Amia, lembraram.
Sobre a proposta do grupo para o Prêmio Nobel da Paz, Francisco disse que nunca aceita títulos "honoris causa", nem outras distinções, mas que, tratando-se dos familiares das vítimas do atentado à Amia, não podia se opor.
Várias das mulheres que assistiram ao encontro, todas mães de jovens mortos no atentado, sensibilizaram-se com o fato de o líder de uma outra religião tê-las recebido de forma tão acolhedora.
(autor do texto acima: AFP – Todos os direitos reservados. Está proibido todo tipo de reprodução sem autorização – fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/europa/renuncia-do-papa/papa-francisco-sera-indicado-ao-nobel-da-paz-por-judeus-argentinos,c8c0414baaaaf310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html – autorização concedida por Magaly GONZALES – Gerente Comercial – AFP)
O QUE FOI O ATENTADO À ASSOCIAÇÃO MUTUAL ISRAELITA ARGENTINA (AMIA) DE BUENOS AIRES?
"AMIA: 15 anos depois
Atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) de Buenos Aires
Era mais uma fria manhã de inverno em Buenos Aires. As manchetes dos principais jornais argentinos alardeavam a vitória brasileira na Copa do Mundo. Desde as primeiras horas do dia, os funcionários da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) chegavam a seus escritórios no bairro portenho de Once para iniciar sua rotina diária. Tudo parecia normal.
Pouco antes das 10 da manhã, dois estrondos separados por poucos segundos interromperam o burburinho habitual do bairro. O primeiro: a explosão. O segundo: o desmoronamento.
Um carro-bomba havia entrado um metro pelo saguão da AMIA. A deflagração fez desabar a primeira laje da edificação, afundando a segunda. Imediatamente, os dois primeiros andares se elevaram e depois caíram, provocando o desabamento das plantas superiores. As segundas lajes de cada andar sentiram a ausência das primeiras, inclinaram-se e algumas também caíram. Em pouco tempo, os sete andares se transformaram em escombros.
A nuvem de pó, os gritos dos bombeiros, o som dos helicópteros que começavam a sobrevoar o local e o lamento interminável de familiares e amigos das vítimas se transformaram em uma massa uniforme que pulsava no ritmo do inferno.
“Explodiram a AMIA, como foi na embaixada israelense. Estão retirando crianças ensanguentadas, mulheres, há pessoas mutiladas. A tragédia volta a se repetir em Buenos Aires”.
Assim um cronista narrava o que via, três minutos depois do desabamento do edifício e dois anos depois de outro atentado terrorista, contra a embaixada israelense em Buenos Aires, que havia deixado 29 mortos e 242 feridos.
O atentado contra a AMIA ocorreu em uma segunda-feira, às 9:53 da manhã, em 18 de julho de 1994. Uma van da marca Renault Traffic, carregada com 300 quilos de explosivos, explodiu a emblemática sede social da comunidade judaica argentina. A vida de 85 pessoas foi sepultada sob os escombros na rua Pasteur, 633. Mais de 300 ficaram feridas.
(fonte do texto ""AMIA: 15 anos depois": http://discoverybrasil.uol.com.br/web/amia/)
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