Havia, certa vez, uma ave com plumagem cintilante e asas robustas, que passava os dias planando sobre as árvores, deliciando-se com sua liberdade.
Um dia, ela caiu em um poço desativado. O poço era profundo, mas estava seco. A ave não se machucou. Ela estava esvoaçando para baixo, distraiu-se e caiu na boca do poço, indo para o fundo.
“Certamente alguém vai passar por aqui, pensou ela, e vai tirar-me deste poço. Não foi culpa minha, a culpa é do idiota que furou este poço e o deixou aberto.”
E se pôs a pedir socorro aos passantes. “Socorro! Socorro! Socoooooorro! Por favor, tirem-me daqui.
As pessoas olhavam para dentro do poço e diziam para ela:
– “O poço é largo e você tem asas, pode voar e sair daí. Por que não treina um voo na vertical?”
Ela se lamuriava:
– “Se eu tentar voar, posso arranhar minhas asas. As bordas do poço podem estragar minhas belas plumas. Eu não tenho culpa de ter caído aqui. Vocês precisam fazer alguma coisa para me tirar.”
A ave recusava-se a tentar. Ficava encolhida no fundo do poço, lamentando e gemendo alto para que todos a ouvissem.
Dizia:
– “As pessoas são cruéis. Ninguém é capaz de ajudar uma pobre criatura como eu.”
Os dias se passaram, as asas dela se atrofiaram. E assim, alvo de pena de todos e de si mesma, a ave viveu o resto da vida no fundo do poço.
ENSINAMENTO: Não era hora de procurar quem teria sido o culpado de ela ter caído no poço. O importante era explorar as possibilidades de sair.
Muitas vezes nos sentimos mais seguros presos, despertando a comiseração e pena dos outros. Para sermos ajudados, precisamos fazer a nossa parte, dando o primeiro passo na ajuda a nós mesmos.
O próprio Deus nos ajuda, mas precisamos fazer a nossa parte, mesmo pequena e desproporcional à necessidade, como fez o Apóstolo Santo André, que apresentou a Jesus cinco pãezinhos para alimentar cinco mil homens (Jo 6,9). E deu certo.
O desejo de ser alvo de compaixão e de ser o centro das atenções pode impedir-nos de realizar todo o nosso potencial.
(Fonte: Peter Ribes, sj – Narração: Pe. Queiroz)
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