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Na Oração das Exéquias (encomendação do corpo do falecido), a Igreja reza:
“Senhor, neste momento em que vai desaparecer para sempre dos nossos olhos este rosto que nos era tão querido, elevamos para Vós o nosso olhar: fazei que este nosso irmão N.; possa contemplar-Vos face a face no vosso reino, e avivai em nós a **esperança de voltarmos a **vê-lo junto de Vós e a conviver com ele** na vossa presença pelos séculos dos séculos. Amém”.
No Céu tornaremos a encontrar os nossos queridos, embora a visão de Deus seja mais forte que tudo. Que grande felicidade, depois de lhes havermos chorado tanto a ausência de longos anos, amargurados pela saudade que só se extingue na sepultura! “Meu Deus – exclama São Francisco de Sales – se a boa amizade humana é tão agradavelmente amável, que não será ver a suavidade sagrada do amor recíproco dos bem-aventurados?”
Santa Teresinha, em sua autobiografia escreveu: “Compreendi que no Carmelo, poderia ainda haver separações, que só no Céu a união será cabal e eterna” (n. 284).
No Céu nos veremos e os amaremos verdadeiramente. Este pensamento suaviza muito a chaga aberta no coração, quando vemos partir alguém que muito amamos, para a vida eterna. Não nos deixemos arrastar ao desespero. Não somos pagãos. O que além-túmulo nos espera, se formos fiéis a Deus e à sua santa lei, é a visão beatífica do Senhor e, nessa visão, os entes que nos precederam na morte. E nunca mais os perderemos, porque lá não haverá mais luto, nem pranto, nem tristeza, nem dor.
É difícil neste mundo, sustentar a amizade contra as ingratidões e outras dificuldades. No Céu, entretanto, nós nos amaremos em Deus, de uma amizade pura, sublime, como é a dos eleitos. Lá não haverá olhares indiferentes.
São Francisco de Sales dizia: “Como essa amizade é preciosa e como é preciso amar, na terra, como se ama no céu!” Ele considerava a verdadeira amizade cristã um prelúdio e antegozo do Céu:
“Se a nossa amizade transforma-se em caridade, em devoção, em perfeição cristã, Ó Deus! quanto será preciosa! Oh! como é bom amar, na terra, como se ama no Céu, e aprender a estimar-nos, nesta vida, como nos havemos de estimar e querer eternamente na outra.”
Os corações unidos aqui pelos laços de uma amizade pura e sobrenatural, continuarão sempre unidos no Céu. São Vicente de Paulo teve uma consoladora visão na morte de Santa Francisca Chantal, a fundadora da Visitação. Sabendo da grande enfermidade da santa pôs-se São Vicente a rezar por ela. E viu como pequeno globo de fogo, que se elevava da terra e se ia reunir nas regiões do ar a outro globo maior e mais luminoso, e ambos reunidos se elevaram mais, entraram e se derramaram num outro globo, infinitamente maior e mais luminoso do que os primeiros. Interiormente ouviu o santo a explicação do mistério. O primeiro globo era a alma de Santa Chantal, o segundo, a de São Francisco de Sales e o terceiro, a Essência Divina. As duas almas se uniram e ambas, a Deus, ao seu Soberano Princípio.
A esperança da Igreja é a vida eterna onde o Reino de Deus será pleno. Jesus disse a Pilatos: “Meu Reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Por isso, a Igreja aguarda vigilante a vinda do Senhor. Era a esperança dos Apóstolos:
“Quando Cristo, nossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória” (Cl 3,4).
“Caríssimos, desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. Sabemos que, quando isto se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porquanto o veremos como Ele é” (1Jo 3,2).
“Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura” (Fl 3,20).
A Igreja sabe que é peregrina neste mundo. O termo paróquia quer dizer “terra de exílio”. São Paulo expressa bem esta realidade:
“Sabemos que todo o tempo que passamos no corpo é um exílio longe do Senhor. Andamos na fé e não na visão. Estamos, repito, cheios de confiança, preferindo ausentar-nos deste corpo para ir habitar junto do Senhor” (2Cor 5,6).
Por esta esperança a Igreja busca a santidade, pois sabe que sem ela “ninguém pode ver o Senhor” (Hb 12,14).
Ser cristão em última instância, é desejar o céu, buscar a santidade e, para isso, desprender das satisfações da terra, aspirando as celestes. Deus fez tudo nesta vida precário, passageiro, transitório, para que não nos acostumemos a viver na terra, como se aqui fosse o céu. O destino da Igreja é o céu, a terra é o caminho.
“Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição. Então o que está assentado no trono disse: Eis que eu renovo todas as coisas. Disse ainda: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. Novamente me disse: Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva. O vencedor herdará tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21,1-7).
Retirado do livro: “O Cristão Diante da Morte”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.
(Autor do texto: Prof. Felipe Aquino – site: https://cleofas.com.br/no-ceu-veremos-os-nossos-entes-queridos/)
#NoCéuVeremosNossosEntesQueridos
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