“Francisco, restaura a minha Igreja, que, como vês, está em ruínas”. Com estas palavras Jesus pediu a São Francisco, no século XIII, que restaurasse espiritualmente e moralmente a Sua Igreja.
UM ANO DE PONTIFICADO DO PAPA FRANCISCO
“Num ano, a Igreja começou a mudar. Francisco mudou a forma de ser Papa. Colocou o Evangelho acima da doutrina. É um homem vindo do Sul, o que traduz uma viragem geopolítica.
Foi há um ano, pouco depois das 20h30. Houve a fumaça branca. O cardeal Tauran pronunciou o Habemus Papam. Um homem de túnica branca, Jorge Mario Bergoglio, agora Francisco, avançou e saudou os fiéis: “Fratelli e sorelle, buona sera.” (Irmãos e irmãs, boa noite.) Estas cinco palavras começaram a mudar a Igreja Católica. A multidão concentrada na Praça de S. Pedro percebeu e rendeu-se. “Nunca se vira um Papa tornar-se tão popular em tão poucos minutos”, resumiu Odon Vallet, historiador das religiões.
Bastaram 24 horas para que a imprensa o definisse como “um Papa de gestos” – gestos humildes que “prenunciam mudanças revolucionárias”. Francisco despoja-se da pompa. Reduz ao mínimo as insígnias pontifícias. Recusa viver “no palácio”. Muda a forma de ser Papa. Veste a pele de pastor, “próximo das pessoas como João XXIII” – o “bom Papa João”. A escolha do nome fez evocar o apelo que em 1205 mudou a vida do poverello de Assis: “Vai, Francisco, e repara a minha casa em ruínas.”
Escreveu a revista Time quando, em Dezembro, o elegeu a personalidade do ano: “O que torna este Papa tão importante é a rapidez com que captou a esperança dos milhões de pessoas que haviam perdido toda a esperança na Igreja”, ou, na expressão de Enzo Bianchi, um monge leigo italiano, despertou nos católicos “o sonho de que uma outra Igreja é possível”.
Popular urbi et orbe (à cidade (de Roma) e ao mundo)
“Quanto desejaria uma Igreja pobre e para os pobres”, disse a 16 de Março, três dias depois da eleição. A sua primeira viagem apostólica, em Julho, foi à ilha de Lampedusa, onde desembarcam milhares de imigrantes. Foi “chorar os mortos que ninguém chora”. Disse o historiador católico Alberto Melloni que a homilia de Lampedusa foi “a homilia programática do pontificado”.
Não tocou só os católicos, mas quase todo o mundo. A sua popularidade, a começar pelas redes sociais, é enorme. Não apenas nos países do Sul. É aplaudido nos países ricos, que acusa de egoísmo. Interroga-se um jornalista: “Por que mistério o líder espiritual de uma religião em perda de velocidade suscita uma tal unanimidade em tantas regiões do mundo?” A que necessidade histórica ou inquietação humana responde? É mais fácil constatar do que responder. O carisma não basta.
Alguns pensam que ele está a dessacralizar a função do Papa, tornando-se demasiado próximo, uma “pessoa normal” como diz. Mas — e esse é o paradoxo — ao fazê-lo está a fortalecer a instituição.”
(fonte do texto entre aspas: www.publico.pt)
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