Marina, uma garotinha de uns quatro anos, puxou-me e garantiu: eu não acredito no Papai Noel (em Portugal: Pai Natal). A afirmação surpreendeu-me pela circunstância. Havíamos acabado de realizar um encontro de família, o Natal estava perto e se anunciara a presença do Papai Noel, que distribuiria presentes às crianças. A menina não acreditava no Papai Noel, acredita em outra coisa.
NA REALIDADE, Papai Noel é muito pobre e traz pouca coisa. Os próprios presentes, quase sempre, são encomendados e pagos. Ele dá presentes para crianças ricas e esquece as que mais necessitariam de presentes, numa discriminação chocante. É verdade que o Papai Noel, às vezes, dá conselhos às crianças: pede que escovem os dentes e que obedeçam aos pais, caso contrário, no ano que vem, não trará mais nada.
PAPAI NOEL aparece apenas uns poucos minutos a cada Natal, depois aposenta suas roupas e desaparece. E por isso Marina tinha razão em não acreditar em Papai Noel. Ela acredita em outra coisa. Acredita no Menino da manjedoura, que em sua pobreza não tinha presentes para ninguém. Ele veio para ficar sempre conosco, com grandes e pequenos, veio nos trazer o presente da Salvação.
PAPAI NOEL é o profeta do consumismo, do descartável, da discriminação e da alienação. O Menino Jesus é o símbolo da ternura e da certeza de um final feliz. É a certeza de que, apesar de tantas misérias, violências e injustiças nós somos e continuamos amados por Deus.
O EVANGELHO de Mateus narra que alguns magos do Oriente, em busca do recém nascido rei dos judeus (Mt 2,1), trouxeram a Ele os melhores presentes. São Lucas fala dos pastores que visitaram o Menino, deitado na manjedoura. O texto não diz, mas é provável que os pastores também tenham levado algum presente. Os pobres são muito solidários e certamente deram alguma coisa de sua pobreza à família de José, Maria e Jesus.
O PRESENTE que oferecemos a alguém significa que temos amizade por esta pessoa. Deus nos deu o maior de todos os presentes: Jesus. Natal é a história desse presente, diante do qual as palavras se sentem muito pobres. A melhor saída é balbuciar, comovidos, um muito obrigado. Santo Agostinho resume esse evento, dizendo: “Deus se fez homem para que nós nos tornássemos deuses. Jesus veio à terra para que pudéssemos alcançar o céu”.
(fonte do texto> www.fecatolica.com.br – autor: Dom Itamar Vian, Arcebispo Metropolitano de Feira de Santana, Bahia, Brasil)
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