Não é Ele o carpinteiro? – Evangelho Comentado

sexta-feira, julho 6, 2018

  No final deste artigo: folheto da Missa e vídeo explicativo.

14ø Domingo do Tempo Comum – “Um profeta só não é estimado em sua pátria!” – Evangelho: Mc 6, 1-6

Jesus foi para sua terra, acompanhado de seus discípulos. Chegado o sábado, pôs-se a ensinar na sinagoga. Muitos que o ouviam se admiravam e diziam: “Donde lhe vem tudo isso? Que sabedoria é essa que lhe foi dada? E estes milagres que se fazem por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria o, irmão de Tiago, de José, de Judas e Simão? E as suas irmãs não vivem aqui entre nós?” E não queriam acreditar nele. Jesus, porém, lhes dizia: “Um profeta só é desprezado em sua terra, entre seus parentes e em sua própria casa”. E não pôde fazer ali nenhum milagre. Curou apenas alguns doentes, impondo-lhes as mãos. E ficou admirado com a falta de fé deles.

COMENTÁRIO

Vamos iniciar nossa meditação de hoje desejando muita paz para você conterrânea e conterrâneo amigo. Conterrâneo… essa palavra é bastante utilizada no norte e nordeste do Brasil e tem o mesmo significado de concidadão, compatriota ou patrício. São pessoas nascidas na mesma terra, na mesma cidade.

No evangelho de hoje, Jesus aparece entre seus amigos de infância. Rodeado por pessoas, de todas as idades, que o conheciam desde pequeno. Muitos dos presentes devem ter frequentado a mesma escola e partilhado, com Ele, dos mesmos brinquedos.

Sabendo de tudo isso, não conseguiam aceitar que um “conterrâneo”, alguém nascido e criado ali, pudesse demonstrar tanta sabedoria e realizar milagres. Não é fácil admitir, mas realmente, é difícil de aceitar que as virtudes possam estar presentes nas pessoas humildes ou num simples carpinteiro.

Assim como eu, você também já deve ter comprado eletroeletrônicos, eletrodomésticos, roupas, relógios, brinquedos e outras centenas de produtos importados, crente que eles nunca iriam quebrar. Infelizmente é assim que pensamos. O simples fato de serem importados traz a sensação de serem superiores em qualidade e resistência.

Parecem até mais bonitos e bem acabados que os nossos. Chega a ser desleal a concorrência quando comparamos esses produtos com os nacionais. Por mais que se queira disfarçar, existe um grande preconceito quanto aos produtos fabricados em nosso país, em relação aos importados.

O mesmo acontece com as pessoas, profissões e entidades. Não vamos contestar os recursos técnicos e a capacidade de alguns profissionais, mas a verdade é que esperamos verdadeiros milagres dos médicos do exterior e, diante de uma simples dor de cabeça, não acreditamos no poder de cura do analgésico, só porque foi receitado pelo médico do Posto de Saúde.

Os mais abastados fretam avião, hospedam-se em hotéis luxuosos e pagam “fortunas” por uma consulta médica no exterior, enquanto em sua terra estão excelentes profissionais, muito conhecidos e afamados lá fora.

Mas, pelo visto, não é novidade esse modo de pensar e agir. Jesus também foi rejeitado, teve que exercer seu ministério longe da sua terra.

O evangelista diz que: “Ficaram escandalizados por causa dele”. Seus amigos e vizinhos se escandalizaram com a sabedoria, com as palavras e com os milagres que estava fazendo um simples jovem, filho daquela terra.

Também não é novidade que um profeta não é bem aceito, pois suas palavras incomodam, machucam. Geralmente, não é bem vindo quem diz verdades, quem luta por igualdade que prega honestidade e amor. Generalizando: esse nós afastamos, ou nos afastamos dele. Quanto mais distante, melhor.

Não quero parecer maldoso, mas quantas vezes recebemos como verdadeiro herói aquele mau caráter de colarinho branco. Cheios de admiração nós enaltecemos aquele que lesa as pessoas e o patrimônio público. Não raro, até banda de música está presente na recepção de um desses famosos políticos que dirigem nosso país.

Jesus ficou admirado com a falta de fé que encontrou, e ali não fez nenhum milagre. Magoado com tudo que presenciou, diante da incompreensão do povo, Jesus foi procurar nos povoados da redondeza, pessoas que fizessem por merecer seus milagres.

Vamos encerrar nossa meditação com um questionamento: Dois mil já anos se passaram. Imagine então, Jesus chegando agora em nosso “povoado”…

Será que estamos fazendo por merecer tantos milagres que recebemos no nosso dia a dia? Será que Jesus não irá se decepcionar novamente?

(fonte do texto: www.miliciadaimaculada.org.br – autor: Jorge Lorente / vídeo: TVFranciscanos)

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