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HOMILIA SOBRE O I DOMINGO DO ADVENTO

Na sua visão, Isaías antevê, para os dias que hão-de vir, uma confluência de todo o mundo para a salvação de Deus. O profeta personifica isso no monte de Jerusalém e no povo de Judá; mas o destino da sua mensagem e da salvação é universal:

Ali afluirão todas as nações e muitos povos acorrerão. E porque o mesmo Deus único será o Senhor de todos os povos, Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número.

Do seu julgamento, hão-de os povos entender que Ele é um Deus de vida e de paz, o Deus que lhes abençoa as sementeiras e protege os filhos. Por isso, eles converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices.

Não levantará a espada nação contra nação, nem mais se hão-de preparar para a guerra (Is 2,1-5=I Leitura).

Esta paz e reconciliação de irmãos e amigos aparece no Salmo Responsorial, em que se pede a paz para Jerusalém:

Por amor de meus irmãos e meus amigos, pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor, pedirei para ti todos os bens (122,1-2.4-5.6-7.8-9).

Sem esta paz física e social, não é possível perceber que o mundo foi criado e é assistido pela presença de um Deus clemente e compassivo, que é Pai de todos e quer que todos se relacionem como irmãos e amigos. E quem aceita um Deus assim como o seu Deus, único e verdadeiro, também não deixará de construir a paz e a justiça:

Felizes os construtores da paz, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9).

A falta da experiência do amor de um pai, hoje, em muitas pessoas, não estará a torná-las violentas, como que passando a todos uma factura de cujo destinatário desconhecem o nome? E acaba por ser Deus a “pagá-la”: porque “tudo pode e nada faz”, porque “é infinitamente bom e não tem pena de tantos inocentes que sofrem”. Se Deus é bom e poderoso, por que não acaba com tanta violência? – perguntam. Como quem diz: Porque é que ninguém me ama, nem sequer o meu pai? Tendemos a transferir para Deus a experiência – positiva ou negativa – que temos do nosso pai. Talvez Santa Teresa do menino Jesus e da santa Face tenha aprendido a via da “infância espiritual” sentada nos joelhos de seu pai…

Mas Deus não se confunde com os nossos pais, embora venha dele o amor que os pais nos têm; e todas as imagens antropomórficas de Deus que a Bíblia nos deu só se aproximam dele com Jesus, que disse: Quem me vê, vê o Pai (Jo 14,9). Mas vê o Pai tanto no Jesus do presépio (Jo 1,18) como no Jesus da cruz (Fl 2,6-11).

Façamos nosso o Refrão do Aleluia, antes do Evangelho:

Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia
e dai-nos a vossa salvação. (Sl 85,8)”

(fonte: www.capuchinhos.org – autor: Frei Lopes Morgado – Esta página encontra-se redigida em português de Portugal)

HOMILIA DO II DOMINGO DO ADVENTO

ISAÍAS anuncia um futuro descendente de Jessé, sobre quem repousará o espírito do Senhor. Não se deixará iludir pelas aparências, mas

julgará os infelizes com justiça
e com sentenças rectas os humildes do povo.
A justiça será a faixa dos seus rins
e a lealdade a cintura dos seus flancos.

A sua presença vai inaugurar o tempo da chamada “paz messiânica”, pois

O lobo viverá com o cordeiro
e a pantera dormirá com o cabrito;
o bezerro e o leãozinho andarão juntos
e um menino os poderá conduzir.

A vitela e a ursa pastarão juntamente,
suas crias dormirão lado a lado;
e o leão comerá feno como o boi.

A criança de leite brincará junto do ninho da cobra
e o menino meterá a mão na toca da víbora
(Is 11,1-10=I Leitura).

No convívio dos animais selvagens com os domésticos, o profeta propõe a reconciliação entre os inimigos. E ela é possível; pois, tal como aquele menino do texto, há dois mil anos Deus fez-se criança e nasceu na toca onde vivemos como víboras para nos ensinar a viver em paz como irmãos.

Se aprofundarmos neste conhecimento do Senhor (na vida e nas palavras de Jesus),

a raiz de Jessé surgirá como bandeira dos povos;
as nações virão procurá-la e a sua morada será gloriosa
(I Leitura).

Poderemos dizer: Cristo, que “é a luz dos povos”, brilhará no rosto da Igreja, revelando-lhe a sua natureza e missão universal: ser, “em Cristo, como que sacramento ou sinal, e também instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o género humano. As presentes condições do mundo tornam ainda mais urgente este dever da igreja, a fim de que todos os homens, hoje mais intimamente ligados por vínculos sociais, técnicos e culturais, alcancem também a unidade total em Cristo.” (VATICANO II, Lumen Gentium 1).

O profeta não via tão longe, mas Deus já sabia aonde queria chegar. O último passo tem que ser nosso. Para isso voltamos, cada ano, a lembrar esta história de amor: para que ela tenha um fim feliz em todos e em cada um.

Sublinhando tudo isto, diz o Salmista:

Ele governará o vosso povo com justiça
e os vossos pobres com equidade.

Florescerá a justiça nos seus dias
e uma grande paz até ao fim dos tempos.

Socorrerá o pobre que pede auxílio
e o miserável que não tem amparo.

Terá compaixão dos fracos e dos pobres
e defenderá a vida dos oprimidos. (Sl 72 =Salmo Responsorial).

Na Primeira Leitura, o profeta descreve as relações de fraternidade e convívio entre inimigos naturais, como expressão da paz messiânica; na Segunda, o Apóstolo tira as consequências disso para os cristãos:

O Deus da paciência e da consolação vos conceda que alimenteis os mesmos sentimentos uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que, numa só alma e numa só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Acolhei-vos, portanto, uns aos outros, como Cristo vos acolheu. (Rm 15,4-9)

(fonte: www.capuchinhos.org – autor: Frei Lopes Morgado – Esta página encontra-se redigida em português de Portugal

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